E se o jornalismo acabasse?

Sabe aquele texto que tu querias ter lido mas não teve tempo durante o dia? Assim foi com esse artigo do sempre brilhante Ramón Salaverría. Mandei por e-mail pra mim com o título TEM QUE LER. Ele apareceu no mesmo dia em que saiu uma entrevista com o Jeff Jervis, no El País. Coisa pra enlouquecer qualquer pesquisador de comunicação.

Com o Salaverría é sempre assim… A cada linha que leio, aumenta a vontade de estar sentada num café, batendo papo com ele sobre o futuro-presente do jornalismo. Ponto. Não apenas o digital, pois como ele bem lembra nesse texto, os suportes de agora irão se tornar obsoletos em seu momento, tal como se torna hoje o impresso.

Mas como um oceano me impede de chamar o gênio para um café-com-papo e medialunas, aqui deixo minha modesta parte do diálogo.

O Salaverría analisa a atualidade do jornalismo pelo mesmo ponto de partida que eu e muita gente justificamos a reflexão: pela crise. Mas ele fala de duas crises:

1) a depressão econômica e financeira mundial já do final de 2007
2) a transformação tecnológica a que foi submetida a indústria da comunicação

Aí eu acrescentaria uma terceira crise, Professor, a de credibilidade ou – talvez de modo mais premente – a crise de relevância.

O que vem matando o jornalismo ou as empresas de comunicação não é a tecnologia, como o senhor bem observa:

As tecnologias, enfim, não têm demonstrado ser um substituto para os jornalistas, mas um formidável complemento. Nunca o jornalismo contou com semelhantes possibilidades para cumprir melhor a função social que lhe corresponde. Resta, claro, renovar os conteúdos e as linguagens para aproveitar a fundo todo esse potencial tecnológico.

Lógico, entendo que a desestabilidade provocada pelo giro tecnológico na indústria da comunicação vem obrigando uma transformação incômoda para muitos de se renovar, rever processos, olhar para o próprio umbigo com as de questionamento, não de admiração, como é tão habitual no nosso meio. Entendo que essa crise é real e impacta tanto quanto a deterioração financeira de vários setores, inclusive que afetou anunciantes e, com isso, abalou nossa maior fonte de receita.

É importante lembrar, também, que esse giro tecnológico e seus reflexos econômicos não apenas dizem respeito a formatos publicitários, a empresas que faturam menos, a métricas ineficazes, a audiências menos atentas. Essa dobradinha “tecnologia + economia” pariu monstros que, na forma de algoritmos, engole as boias salva-vidas do jornalismo como curadoria. Ainda assim, não creio que Facebook e Google sejam os principais vilões do jornalismo. Eles apenas inventaram uma outra indústria – que, cá entre nós, era para nós termos criado antes! – e fazer frente a ela me faz lembrar de Dom Quixote lutando contra o moinho.

Sabemos que está assim de veículo jornalístico querendo pegar carona no êxito das redes sociais para crescer em audiência. Eu mesma trabalhei nisso durante anos!! Quebrei a cabeça sobre como tirar o melhor proveito das redes sociais em prol de marcas editoriais online. Mas reduzir a rede social aplicada ao jornalismo como fonte de audiência é muita ignorância! E a razão é simples.

Jeff Jervis sintetiza assim: “Estamos en un negocio basado en el volumen. Vendemos usuarios al peso, y no individuos. ¿Y qué ocurre? Que lo que conseguimos es corrompernos. Conseguimos gatos. Porque si lo que buscamos es “volumen, volumen, volumen”, “páginas vistas, páginas vistas, páginas vistas”, lo que conseguimos es fotos de gatos y titulares estúpidos. Hemos corrompido el sistema.

Ou seja, tentamos sugar quanti de uma teta que só produz quali. Porque o DNA do social é quali. Até mesmo o seu modelo de negócio é essencialmente quali. Só funciona porque a segmentação é precisa e quanto menos pessoas o anúncio alcança, mais caro ele é. Ora, o sujeito alcançado é o alvo perfeito! Exclusivamente quali. É a natureza do social. Enquanto continuarmos mamando nessa teta, seguiremos morrendo de fome.

É tudo uma questão de métricas?

Então temos que vender quali? Mudamos as métricas e batemos todas as metas? Coincidimos quando o senhor diz:

“À semelhança daquelas indústrias ineficientes, as empresas jornalísticas estão sendo obrigadas a evoluir a partir de um modelo analógico, fortemente condicionado pelo suporte de distribuição, para o digital, onde as regras do jogo e a escala de valores mudaram por completo.”

Não acredito que vender tempo de atenção ao invés de impressões – como estão fazendo The Economist, Financial Times e Medium – salve a nossa lavoura. Tempo é mais uma dessas burláveis métricas quanti e ainda assim não teríamos chegado ao quali.

Então será que nosso desafio é DESCOBRIR UMA NOVA MÉTRICA quali e projetar um modelo jornalístico em cima dela? Novamente estaríamos batendo de frente com uma indústria jovem, viçosa e cheia de energia. Quem quer concorrer com Google e Facebook? Sim, eu vi a Abril recriar o Blogger, o Digg e o Flickr, mas com a arvorezinha no alto que, na cabeça do narciso, vale mais do que qualquer hábito mundialmente consolidado. Não deu. Fecharam essas e uma porção de outras iniciativas, inclusive veículos, inclusive referentes em seus segmentos.

Eles tentaram se reinventar. E não deu certo. Por isso é preciso questionar o caminho que escolheram para se reinventar. Daí o senhor elenca as rupturas que nos empurram à renovação:

* Já não há mais territorialidade para a notícia
* Ruptura de barreiras, todos são mídia: A multiplicação dos meios, que trouxe consigo este novo contexto, não foi acompanhada, entretanto, por um aumento paralelo da demanda – foi o que fechou o OhmyNews International em 2010
* Ruptura de ciclo editorial:
já não há mais deadline nem formato específicos
* Ruptura no monopólio da palavra
* Ruptura do modelo de negócio

Pergunto, Professor, se realmente é o caso de ainda nos preocuparmos com a renovação do jornalismo para sobrevivência. Não valeria mais a pena deixar toda essa resistência morrer à míngua e partir logo para um novo modelo? Ok, é meio radical de minha parte, confesso. Mas me parece mais indolor e eficiente. Quem não quer se renovar está no seu direito, segue assim e, aos poucos, o cenário vai eliminando essas peças do tabuleiro. Algo natural, aliás, como já vem acontecendo. Em paralelo, um novo modelo de jornalismo ou atividade-X é gestado levando em conta não apenas as novas tecnologias, o novo cenário econômico, a nova indústria das redes sociais como, principalmente, os novos hábitos sociais.

E se o jornalismo acabasse?

“Não se trata de uma simples necessidade de renovar os modelos de negócio, e nem é suficiente, claro, adotar simples mudanças detecnologia ou de design. Tudo isso é pura perfumaria. Trata-se de redefinir os modos de informar paraseguir cumprindo uma função que a sociedade precisa.”

Resetemos o jornalismo. Partamos do zero. Enfrentemos o pior dos monstros que nos aterrorizam: e se o jornalismo deixasse de existir? Quem sofreria o quê? Como era o mundo antes da imprensa e o que colhemos como saldo definitivo desde então? Talvez possamos elencar uma série de conquistas positivas, como uma fiscalização do poder público, a disseminação de valores democráticos, a ampliação de nossos olhares ao termos contato com a notícia de longe. Tudo isso para nos tornarmos mais críticos, melhores conhecedores da realidade que nos cerca e melhorar nosso estar-no-mundo. Agora me diga que não se pode fazer isso tudo e muito mais sem a figura de um veículo. Ou melhor: que já não se faz toda essa alquimia informacional by ourselves, entre nossos pares, com mais ou menos confiança, com mais ou menos didatismo.

Ora, mas os meios investigam de maneira profissional. Isso é algo que toma tempo, tem seus custos e nos apresenta de modo palatável. Até mesmo o “jornalismo de entretenimento” tem o seu porquê de existir.

O que me intriga é que, cada vez mais, o público espera essas informações ou as busca não importa onde. A aura da marca editorial já era! Seja através do relato de uma celebridade ou de um político nas redes sociais, seja por meio de um aplicativo de previsão do tempo e cotação da bolsa, seja pelo relato em primeira pessoa de seus círculos de amigos. Porque a informação que antes era exclusividade dos meios agora está em qualquer lado. A fonte está a um clique. Para que tantos intermediários? Nem sequer para empacotadores de dados me parece que somos insubstituíveis. Os algoritmos ajudam, mas a população é crítica o suficiente para ler a informação organizada – ou até mesmo para organizá-la, como mostram as iniciativas de crowdsourcing.

Entendo quando o senhor ressalta nosso papel de garimpeiros, de editores muito mais que repórteres: “Se a rede coloca qualquer conteúdo num clic, necessitamos de profissionais que nos indiquem onde está a informação valiosa. Mais ainda: necessitamos que a tornem relevante, inteligível e amena. Só desta forma a informação irá adquirir significado e poderá ser interpretada pelo público.” 

Talvez estejamos ainda nessa fase. Mas as mãos espertas de um bebê que tenta “navegar por uma revista” achando que o papel é touch mostram que, muito proximamente, o público não vai mais precisar de alguém que torne a informação relevante. Ele mesmo saberá os caminhos para chegar até ela.

Onde eu penso que realmente possa estar a chave que definirá o futuro do jornalismo é numa análise profunda sobre a necessidade de se informar. Em geral. Digo… No seu dia, da hora em que acorda ao momento de dormir, que informação você necessita?

– como está sua família?
– previsão do tempo?
– tem mail novo do chefe?
– em quanto está meu saldo da conta hoje?
– a que horas passa meu ônibus?
– tem corte de trânsito no meu caminho?
– o elevador que pego está seguro?
– precisa levar pão pra casa?
– qual o menu no bandejão da empresa?
– o que meus amigos estão contando de suas vidas?
– o que eu posso contar sobre a minha?
– tem alguma conta que vence hoje?
– saiu algum livro que eu preciso ler?
– meu time ganhou ontem?
– a presidente baixou algum decreto que muda meu ir-e-vir?
– vai ter corte de água ou luz no meu bairro?
– se eu fizer esse curso posso ter um salário melhor?
– há coisa melhor para me vestir ou comida a experimentar?
– alguém que depende de mim precisa de algo?
– as redondezas da minha casa registraram algum episódio de insegurança?
– mudaram as regras dos planos de saúde, telefonia, cartão de crédito?
– aquele projeto pessoal segue de pé? O que preciso fazer por ele?
– …

Essas são apenas algumas das grandes “categorias” de informação que costuram nossas rotinas, altamente permeáveis e substituíveis, mas com graus semelhantes de origem. Se fizermos um exercício de responder a origem de cada resposta às perguntas acima, quantas delas viriam única e exclusivamente de veículos jornalísticos?

A mudança mais radical não está no jornalismo, Profe, mas no que move a vida das pessoas. É isso que as movia em direção ao jornalismo e agora as conduz aos sites insitucionais, aos perfis oficiais em redes sociais, aos seus círculos de contato direto.

É a coletividade a serviço do indivíduo. E nós estamos nesses dois lados: ora somos coletividade, ora somos indivíduos. Um jogo social que se auto-organiza sem a necessidade de um juiz, como ainda se pretendem muitos veículos de imprensa. Quem sabe o que é bom para mim sou eu e aqueles que estão à minha volta. Analisamos isso em parceria, a todo instante, para nosso próprio bem-estar-no-mundo. O jornalismo como conhecemos fica tão periférico nesse jogo… aí surge a crise de relevância. E essa não se resolve com tecnologia.

Jornalismo é outra coisa!

Se o jornalismo nunca teve a ambição de suprir nossa necessidade de informações pessoais – o que discordo, pois o estar-no-mundo é ultra pessoal, desde a previsão do tempo que se consegue por meio de aplicativo até a manifestação que corta o trânsito e é assunto no Twitter – ele deve assumir que ocupará, cada vez mais, um papel periférico a ponto de beirar o dispensável na vida das próximas gerações.

A sobrecarga crescente de informações nos obriga a fazer escolhas. Geralmente, escolhemos aquilo que nos é mais próximo ou nos interessa mais. É o indivíduo outra vez se sobrepondo à coletividade sem a qual não vive.

Conseguiremos dar nome e conotação de jornalismo a essa coletividade? Ou será que jornalismo passará a ser uma prática individual, assim como a higiene ou a alimentação? Talvez o jornalismo seja o elo de sustentação de um indivíduo-coletivo, um hábito cotidiano de dar e receber notícias, alheio a veículos massivos e auto-equilibrado. Caberá institucionalizar esse jornalismo? Talvez. Mas ele será antes uma propriedade muito mais coletiva do que individual. E as redes sociais mostram elementos de sobra para uma mudança jornalística comportamental.

Bom, antes disso vou colocar os pés no chão, estudar microjornalismo e o que os meios podem fazer com ele, conosco, nesses tempos atuais. 🙂 É o que há para agora, mas pode ser o começo de uma transformação muito mais profunda…

Das regulações insustentáveis às visões distorcidas em jornalismo nas redes sociais

Quando vejo discussões sobre a regulação das radiodifusão brasileira como uma das prioridades do novo mandato presidencial, é inevitável comparar com a Lei de Meios e a situação limite a que chegou a mídia argentina. Mas para além de discussões ideologizadas, tem um ponto de carência nesse debate que afronta a pesquisa mais recente em comunicação. E o meu caro orientador – ou diretor de tese, como dizem aqui -, Damián Fernández Pedemonte, aborda de maneira mais lúcida impossível:

Ainda que tanto no discurso de Cristina Kirchner como nos subtextos dos intelectuais se faz referência continuamente aos atores sociais, principalmente marginalizados, como atores do processo de comunicação pública, sobretudo para pregar a necessidade de ampliar o acesso à propriedade de licenças e ao poder de enunciação destes setores; não se considera (a esse público) nunca como audiências ativas, críticas, independentes. Se fala em seu nome, mas sem ouvir empiricamente a relação cotidiana que esses grupos e a sociedade em seu conjunto estabelecem com os meios de comunicação e com os novos meios do entorno digital. (…) Aqueles que controlam os meios (são tidos como quem) podem mudar a ideologia das pessoas e, ainda, ganhar eleições.” (p. 140-141, grifo meu)

A leitura do Prof. Damián é sobre a realidade argentina, mas pode ser aplicada sem prejuízo ao contexto brasileiro. Enquanto a população faz as redes sociais fervilharem em subjetividades, o poder público se agarra aos fracassados argumentos de teorias de efeito e frankfurtianas para pôr em caixinhas o que flutua, jorra, incontrolável, pelo poder de fala fluido nas redes.

Mas não é somente a ineficácia de uma discussão assim o que me preocupa, e sim a negligência desse debate em relação à capacidade de raciocínio – e de expressão – do público.

Extensa sem ser massiva, a audiência se fragmenta e toma consciência da autonomia individual no processo de escolhas políticas. (Ou se a mídia é tão golpista quanto se diz e altera resultados das urnas, faz 4 eleições presidenciais que o Brasil vive em profunda contradição! Mas a contradição não para por aí…)

“(Há uma contradição entre) a contínua fragmentação das audiências dos meios e o surgimento de grupos informativos concentrados que dão viés à informação. Na realidade, ambas tendências conduzem ao declínio dos processo de identificação conformista por parte das audiências. Os meios poderão pertencer a monopólios, mas as pessoas não creem mais neles.
Isso faz com que as audiências busquem outras mediações, além dos meios, para montar suas posições políticas. As audiências fragmentadas não são massas informes (ouié! faz 11 anos que eu digo que comunicação de massa não existe!) que recebem mensagens midiáticas num vazio social. (…) A pesquisa recente em comunicação sobre a sociedade civil e a participação política descobriu que os efeitos dos meios, especialmente durante as campanhas eleitorais, são mediados fundamentalmente pelas discussões interpessoais sobre política.” (p. 142-143, grifo e pitaco entre parênteses meu)

E ele encerra, com a cereja do bolo:

O grande ausente destes argumentos (que buscam instituir regulações de meios) é o público, a audiência crítica e ativa que constitui o ator político com iniciativa própria, autoconvocada e organizada.

Na mesma tarde, o brilhante Cido Coelho compartilha comigo a matéria de capa deste domingo, da Folha de São Paulo:

Folha-de-S

Pode baixar os pdfs aqui e aqui, mas em síntese a matéria traz uma pesquisa realizada pelo próprio jornal, mostrando que a hiperatividade registrada no Twitter e no Facebook em período pré-eleitoral no Brasil foi impulsionada pelo compartilhamento de links… de sites jornalísticos. Como “chancelador” de um argumento, o relato jornalístico seria uma espécie de âncora ao usuário padrão, que busca nos veículos a sustentação e a objetividade incapaz de encontrar nos relatos soltos, produzidos por sites não-noticiosos e usuários leigos (não-jornalistas).

Inevitável levar em consideração que se trata de uma pesquisa conduzida e veiculada por um dos jornais mais tradicionais do país – aquele que anunciou a demissão de 10 jornalistas, incluindo figurões como Eliane Cantanhêde na última semana, alegando motivações econômicas. Noutras palavras: o desespero tá batendo no queixo de náufragos que preferem morrer agarrados ao casco furado do que arriscar-se ao mar para salvar a própria vida.

(“Redes sociais, suas malditas! Pensam que vão roubar minha audiência? Pois vou *provar* que vocês não existem sem mim!” – bem que dá pra imaginar uma cena assim 😀 hehehe)

Acabo de ver que o Prof. Walter Lima publicou um post no Facebook fazendo uma análise excelente sobre essa pesquisa. Entre os vários pontos de fragilidade que ele apontou no estudo (da falta de transparência às dificuldades obviamente encontradas e não relatadas na coleta de dados no Facebook), coincidimos especialmente quanto a isso:

“3) A amostra foi retirada num tema e momento específicos evolvendo a eleição presidencial, que foi polarizada (FLA x FLU), quando um dos lados acusava (e ainda acusa) a grande imprensa tradicional brasileira de ser o Partido da Mídia Golpista (PIG) e os veículos internacionais (como The Economist) sendo “imperialistas”. Portanto, utilizar links provenientes em “jornais, portais, TVs, rádios, sites de notícias locais ou imprensa internacional” não era devido à credibilidade, mas sim fonte para acusação. Assim, faltou dizer quanto dos 61% dos compartilhamentos eram “positivos” ou “negativos”, para ficarmos somente na rasa avaliação de “sentimento”.”  (grifo meu)

Mas ok, vou tentar ver a pesquisa como não tão absurda e, numa percepção como usuária, é fato que o público compartilha, sim, muito conteúdo da grande mídia. Desconheço pesquisa, porém, que mostre o quanto desses compartilhamentos tem caráter de chancela, quanto é acompanhado por crítica e refutação. Só isso já questionaria a interpretação dos dados que a Folha traz nessa matéria.

Digamos que a maior parte dos links de notícia compartilhados pelas redes sociais seja para fortalecer o argumento do usuário, que ele concorde com o relato jornalístico, que use como sustentação ao seu olhar sobre a realidade. Eis um comportamento que sempre existiu, mas que toma dimensões tão midiáticas quanto o material compartilhado, acrescido por uma camada de leitura, subjetividade, interpretação que cada usuário agrega para difundir. E isso pode alterar o conteúdo inicial, ao menos a leitura dele pelos amigos do usuário que o compartilhou.

Nessa torrente de vieses, já me parece impossível entender que são as notícias – tais como vêm dos sites mainstream – que formam o grande caudal das informações que circula pelas redes sociais. Que elas sejam um disparador, tal como analisa a matéria da Folha, é inegável. Mas o conteúdo das redes vai muito, pero muuuucho além do mero compartilhamento de notícias. E ainda que aí elas estejam em grande número, definitivamente, já não estamos falando do mesmo material.

Noutras palavras: conteúdo mainstream, quando cai na rede, é ressignificado, reformulado pelas gentes e se torna outra coisa que não mais conteúdo mainstream.

E argumentos do tipo “a mídia distorce a realidade; vamos controlar a mídia” já não são mais aceitáveis não pelo trabalho da própria mídia, mas porque a realidade é uma construção pessoal, coletiva e íntima simultaneamente. E mais: é múltipla! Por isso não tolera controle.

Se o controle pretendido é da ordem dos negócios, para evitar os monopólios e que interesses comerciais se sobreponham aos propósitos editoriais de um veículo, é o público quem desprezará práticas abusivas (já despreza!), afastando-se cada vez mais da mídia mainstream, seja por falta de identificação/representatividade, seja por intolerância à “comerciaficação” da mensagem. A evolução é natural. Não é um governo – seja do Pedro ou do Paulo – quem pode ter o poder soberano e único (olha o perigo!) de regular os meios.

Mas voltando às redes sociais, vale lembrar que as métricas desse território urgem ser outras, já que o DNA do ambiente, a tal “dinâmica das redes” é tão, mas TÃO diferente dos meios de “massa”. Num espaço originalmente de atenção e informação fragmentadas, onde o conteúdo é ultra de nicho e a palavra do meu amigo tem muito mais impacto e credibilidade do que 15 mil posts sobre o mesmo assunto, esquece o quantitativo, amiguinho. A moeda aqui é quali e ninguém tasca!

***

metodologia_pesquisa_folhaUPDATED em 17/11/2014: Queridos, agora que voltei à descrição do método de como a Folha conduziu essa pesquisa, fiquei realmente preocupada. Vejam o que diz no destaque do recorte ao lado e, por favor, me ajudem a entender e me corrijam se eu estiver estatísticamente maluca.

O que foi considerado “jornalismo profissional” nessa pesquisa foram compartilhamentos de links de matérias de sites editoriais, certo? O jornal identificou que 4 a cada 10 posts continham link de conteúdo externo. Só aí já estamos falando de 40%, que obviamente já não é a maioria. Entre esses links externos, seguramente nem todos são de sites de “jornalismo profissional”, concordam? Ou seja, estamos falando que menos de 40% dos posts selecionados (e não auditáveis, vale lembrar) traziam referência a veículos de imprensa.

Então, pelamordedeus, COMO podem dizer que o “jornalismo profissional domina as redes sociais” se menos de 40% contém referências a sites jornalísticos?

Ou a Folha não sabe fazer conta ou não entende o significado do verbo “dominar”. Um dicionário pros colegas, por favor…

Sério, gente, posso estar enganada. Me ocorreu agora isso. Me corrijam se eu estiver dizendo besteira sobre o método dessa pesquisa.

 

 

 

 


Referência:
Pedemonte, D.F. “La guerra por las representaciones. Mediatización y disenso en el gobierno de Cristina Fernández de Kirchner. In Elizalde, L.; Pedemonte, D. F.; Riorda, M. (eds.). “La gestión del disenso. La comunicación gubernamental en problemas.” La Crujía Ediciones: Buenos Aires, 2011

Mídia espontânea e jornalismo colaborativo

Em 2005, quando estive no OhmyNews, lá em Seul, vi o Mr. Oh Yeon Ho falando sobre as bases de um noticiário colaborativo e sua relação com o mercado. Para além da sustentabilidade financeira garantida pelo modelo padrão de publicidade, Mr. Oh acreditou desde cedo nos “volunteers promoters” – ou aqueles cidadãos repórteres que se incumbiam de viralizar o produto a partir do próprio orgulho de ter participado dele – “Vejam, amigos! Leiam a reportagem que acabei de publicar no OhmyNews!“.

Sim, é uma mistura de uma franca moeda em capital social paga ao colaborador que, através dela, se sente tão parte daquele produto que dissemina aquela marca de modo voluntário, natural, entusiasmado e saturado de credibilidade, já que não recebeu um tostão pra fazer isso.

No último sábado encontrei o Jaime Batista da Silva, colaborador assíduo do VC Repórter, do Terra, divulgando pelo Twitter uma exposição que fará na Câmara dos Vereadores de sua cidade, Blumenau, reunindo fotos que ele publicou no canal de jornalismo colaborativo do portal brasileiro.

A proposta vai além da mídia espontânea. É um caso evidente de enlace social. Não resta dúvidas de que Jaime se orgulha em ser colaborador do VC Repórter. Ele chega a colar sobre sua foto o avatar que o canal mantém no Twitter, como uma espécie de crachá.

O título da exposição também traz o nome do Terra, do VC Repórter. E com isso a mídia gerada por Jaime se prolonga para o ambiente físico, chancelando a força de uma fusão cada vez maior entre ações materiais e digitais.

Certamente, a troca também é benéfica para Jaime, que se projeta nas asas de uma grande marca, porém com um trabalho de própria autoria. Além disso, os interesses em divulgar problemas da cidade e reivindicar soluções pela comunidade de Blumenau também movem a espontaneidade de Jaime. Mas ele só faz isso porque existe uma identificação com o canal. Caso contrário, se não simpatizasse ou não confiasse no espaço, certamente escolheria outro.

Se o uso da marca foi indevido ou não sob o ponto de vista jurídico/corporativo, isso deve ficar em segundo plano quando a maior moeda envolvida possui um valor social inestimável, digna de ser aplaudida por ambas esferas envolvidas: Terra e Jaime.

É a segunda vez que Jaime promove uma exposição assim. A primeira foi no ano passado.

Essa parece a hora certa para criar um time de elite de colaboradores e “pescar” figuras assim para perto do produto.

Isso é jornalismo? Who cares?

Imagem de George, licenciada por Creative Commons

Outro dia uma amiga me contou, afobada:

ELA: Viu que o câncer da Dilma voltou?
EU: Não! Onde tu viu?
ELA: No Twitter!
EU: Sim, mas no Twitter de quem?
ELA: Ah, não lembro. No Twitter…

Quando comecei a estudar jornalismo colaborativo, em 2003, um conteúdo ser ou não ser jornalismo era uma grande questão. Talvez a imposição dos veículos perante o público ainda mantivesse aberto esse abismo entre conteúdo e notícia. Sempre sublinhei a diferença entre conteúdo colaborativo (YouTube, Flickr, blogs) e jornalismo colaborativo nas aulas e conversas com estudantes.

Lembro que fiquei fula da vida quando perguntei ao Dr. Roberto Civita, durante uma palestra lá na Abril, em 2006, alguma coisa sobre jornalismo cidadão em relação à então recém-lançada Sou+Eu. Ele me respondeu indicando que a revista não era jornalística. Hoje tenho que dar risada da minha brabeza.

O jornalismo não morreu e nem morrerá (sorry, JR). O que a Sou+Eu faz ainda é jornalismo, aos meus olhos, assim como qualquer veículo de imprensa que assim se propõe e leva a cabo a rotina editorial. Mas… quem se importa com isso?

Informação virou commodity. Twitter virou imprensa.
(Demorei pra perceber?)

Assim como o público nunca questionou o que a Fátima Bernardes ou o Faustão dizem pela TV, quem se preocupará em questionar uma informação tuitada?

No debate em que participei na Campus Party desse ano, ao lado do Alexandre Matias, do Demi Getschko e do André Forastieri, nosso moderador, o Gil Giardelli, perguntou se entendíamos o Wikileaks como jornalismo. Fui a única do grupo que discordou. “Mas, afinal, quem se importa se algo é jornalismo ou não?” Pelo jeito, só nós, jornalistas 😛

O público consome informação já sem fazer distinção entre o que esperar de cada mídia, tampouco saber quem a faz, que processo está por trás. Não se trata de uma visão pessimista. É apenas uma crise. E crises costumam ser oportunidades férteis para reinvenções.

E aí, jornalismo? Vai ficar aí parado ou fazer alguma coisa para recuperar o diferencial e a relevância? Talvez se “impor” já não seja exatamente a melhor coisa a fazer…

Editor de Social Media da BBC inicia em janeiro/10

O nome do moço é Alex Gubbay e foi anunciado ontem como primeiro editor de mídias sociais da empresa britânica.

Vale lembrar que o Estadão também nomeou seu editor de Social Media – é o Rodrigo Martins. Ponto para o Pedro Dória.

Na BBC, Gubbay vai ancorar um projeto de desenvolvimento de projetos em UGC e disseminar boas práticas do uso das mídias sociais pela redação, além dos correspondentes internacionais.

Entre as tarefas de Gubbay estará a captação de pautas nas mídias sociais, gerenciamento de comentários nos ambientes amparados pela BBC, recepção de material breaking news (fotos, vídeos, testemunhos) que a empresa já recebe atualmente, além do desenvolvimento das ferramentas necessárias para o marca tirar proveito deste ambiente.

Gubbay conquistou o cargo por ser um dos editores com maior dedicação à mensagem que vem do público, além de ser reconhecido pela redação como um profissional que já tem por hábito usar plataformas de mídias sociais. It means: não basta usar, tem que acreditar no que faz.

Bacana o espírito com que a BBC encara a estratégia: “… a BBC quer assegurar que isto é tão simples quanto possível às nossas audiências” – ou seja, há uma preocupação em disseminar a cultura da colaboração; mostrar que isto pode não ser fácil, mas sem mil artifícios.

Social media, no meu olhar, é um trabalho intenso do ponto de vista humano. Exige tempo e dedicação plenos. Mas os custos operacionais são baixíssimos, uma vez que o público produz conteúdo espontaneamente (resta a nós vermos o que nos serve) e que os ambientes são gratuitos por default (resta a nós elegermos os mais adequados à nossa proposta).

Boa sorte a Gubbay e à BBC. Acompanhemos!

Jornalismo + Mídias sociais: cases e tendências

Observem estes dados:

* 19% dos usuários de Twitter, Facebook ou equivalentes usam-nos para RECEBER e COMPARTILHAR INFORMAÇÕES (Princeton Survey Research International, nov/2009)

* 18% dos usuários usam as mídias sociais (Wikipedia, Blogs Facebook, Twitter etc) para buscar informações novas (The Nielsen Company, out/2009)

O internauta brasileiro passa mais tempo em:
* mensagens instantâneas (7h49)
* comunidades – redes sociais (4h57)
(Ibope Nielsen Online)

Daí vem a história…

Se o público não vai ao site jornalístico, é o veículo que encontra o público.
Esteja ele onde estiver. E ele está nas mídias sociais. Facinho, né?

Nem tanto. Não é à toa que muitos veículos se desdobram em experiências de habitar estes espaços com objetivos de gerar tráfego em seus próprios sites, ter relevância editorial, fortalecer marca, aproximar-se do público e renovar suas audiências.

Em busca de algumas maneiras de fazer jornalismo aproveitando o que as mídias sociais têm a oferecer, montei este trabalho que apresentei ontem no Seminário Internacional de Comunicação da PUCRS.

Foi um levantamento de dados e não uma pesquisa conclusiva (nenhuma é). Mas serviu para me mostrar o quão amplo é este assunto, quantas coisas dá para fazer e para onde caminhamos.

Tônica: em 2005 Steve Outing sugeriu 8 maneiras para incentivar a colaboração no jornalismo. Mas todas eram no próprio site do veículo (inclusive o jornalismo colaborativo – ai!). Seguindo um movimento natural, percebemos que aproximar um veículo das pessoas (nas mídias sociais) é mais prático, leve e promissor do que tentar puxar as massas para dentro do veículo.

Ele – o público – já elegeu os SEUS espaços. E como dar murro em ponta de faca costuma só machucar, cabe à mídia entrar nestes espaços também, sem abrir mão da sua casinha matriz.

BBC prepara surpresa em social media

bbc_custozimar Depois de fazer da customização algo extremamente fácil no jornalismo online, a BBC prepara o relançamento de seus sites para março de 2010. A informação é do Media Guardian (by JW)

Nada de detalhes, por enquanto. Mas fiquemos atentos!

Sonho com um site jornalístico que produza conteúdo PARA as mídias sociais. E depois, reúna todo este material em embeeds no próprio site da marca. É o contrário do que se tem feito hoje.

Será uma baita viagem minha?

70% dos jornalistas usam mídias sociais

Uma pesquisa feita com 317 jornalistas de Nova York pela agência Middleberg (SNCR) apontou que 70% dos jornalistas admitem usar mídias sociais no auxílio da prática da reportagem. O número sobe para 92% quando jornalistas reconhecem que as mídias sociais agilizam a rotina da redação.

Apesar da amostragem pequena, o índice é otimista, ainda mais se comparado ao do ano anterior, quando apenas 41% usavam estas plataformas

social media

Veiculada na PRWeek, a pesquisa também mostrou que:
– 66% destes jornalistas usam blog
– 51% usam a Wikipedia
– 48% recorrem a vídeos online
– 47% usam Twitter ou outros serviços de microblogging
– 57% percebem que o Twitter ajudou a aumentar sua credibilidade perante os leitores

Boa parte do uso destas mídias é para entrevistas, crowdsourcing e buscando dicas de pauta.

Jeremy Poter analisa os resultados em seu sites e entende que uma das razões destes índices elevados do uso de mídias sociais é decorrência do acúmulo de trabalho e da rapidez com que as reportagens devem ser produzidas.

Mas a pesquisa não acabou e o resultado final chega em Novembro.

***
Imagem de Matt Hamm

Novas diretrizes curriculares do jornalismo

Nos últimos meses a Lei de Imprensa foi revogada no Brasil e o diploma para o exercício do jornalismo deixou de ser obrigatório. Paralelamente, uma comissão formada por 8 cabeças-de-chave da pesquisa em jornalismo no país discutia de maneira amplamente aberta e formulava as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Jornalismo (pdf). Quem assina o documento lançado ontem é José Marques de Melo, Alfredo Vizeu, Eduardo Meditsch, Lucia Araújo, Luiz Motta, Manuel Chaparro, Sérgio Augusto Mattos e Sonia Virgínia Moreira.

Abaixo, anotações com pitacos:

Ponto 1:
“… o conteúdo profissional do curso passou a ser caracterizado como “meramente técnico” e destituído do interesse teórico. Por outro lado, a teoria da comunicação evoluiu desvinculada do exercício da profissão, focada numa crítica geral da mídia, sem compromisso com o diálogo para uma intervenção prática na mesma. Em decorrência, os estudantes de Jornalismo desde então têm sido forçados a uma opção dramática e pouco razoável entre negar a sua profissão, em nome do “espírito crítico”, ou desprezar a teoria estudada nos cursos para se voltarem à prática, reproduzida de maneira acrítica e envergonhada.”

Eles leram meus pensamentos. Academia e mercado deveriam cooperar ao invés de concorrer. E o modelo ideal de profissional deveria ser aquele que trabalha em empresa jornalística ao mesmo tempo em que dedica parte de seu tempo para a atividade acadêmica.

Ponto 2: a proposta de Projeto Pedagógico contempla, além de interdisciplinaridade + teoria e prática + graduação e pós + extensão, preocupação com a empregabilidade dos egressos, devendo apresentar:

Dar ênfase ao espírito empreendedor e ao domínio científico que gerem pesquisas ao conceber, executar e avaliar projetos inovadores capazes de dar conta das exigências contemporâneas e de ampliar a atuação profissional a novos campos, projetando a função social da profissão em contextos ainda não delineados no presente.

e…

Atentar à necessidade de preparar profissionais que possam exercer dignamente a atividade como autônomos em um espaço cuja oferta de emprego não cresce na mesma proporção que a oferta de mão de obra;

Eis uma preocupação louvável e que amplia os horizontes da concepção do profissional jornalista em si, como o sujeito que deve preocupar-se unicamente com a adequação da linguagem, com a postura estética, o equilíbrio das fontes, a força argumentativa ou mesmo com a perfeição técnica.

Ser jornalista, antes de tudo, é ser profissional. E ao sermos reconhecidos pelo Código Brasileiro de Ocupações do Ministério do Trabalho – ao contrário de pro-bloggers ou pro-twitters – é nosso papel identificar demandas de mercado que possam ser atendidas pelos conhecimentos específicos garantidos pela formação superior em jornalismo. Isto é mais que sobrevivência. É honra.

Noutras palavras: se liguem jornalistas! Tem um baita espaço no mundo digital a ser ocupado por nós. Agilizemo-nos, pois!

Ponto 3:

c) Estar focado teórica e tecnicamente na especificidade do jornalismo, com grande atenção à prática profissional, dentro de padrões internacionalmente reconhecidos, comprometidos com a liberdade de expressão, o direito à informação, a dignidade do seu exercício e o interesse público; – grifo dos autores

Temo quando o cerco fecha. O que pode ser entendido por “especificidade” em uma área ancorada pela interdisciplinaridade, conforme exposto no Projeto Pedagógico? Qual o campo de trabalho do jornalista? Esta pergunta me parece sem resposta pronta neste momento. Afinal, estamos em transição, “em crise” como o documento aponta no início. Crise, inclusive, do nosso campo de trabalho.

É nosso dever traçar estratégias para atingir metas de audiência? Gerenciar redes de blogs? Moderar comentários? Mensurar o impacto de tecnologias futuras? Desenvolver formatos de conteúdo para buscar novos públicos? Atender ao mercado publicitário? Dominar linguagens de programação? Gerenciar equipes? Conversar com o público? Formar um cidadão repórter? Não sei! Estamos em trânsito! Daí que focar teórica e tecnicamente na especificidade do jornalismo ainda me parece uma incógnita.

Ponto 4:
“Eixo de fundamentação contextual , que tem por objetivo embasar o conhecimento das teorias da comunicação, informação e cibercultura, suas dimensões filosóficas, políticas, psicológicas e sócio-culturais, inclusive as rotinas de produção e os processos de recepção, bem como a regulamentação dos sistemas midiáticos, em função do mercado potencial, além dos princípios que regem as áreas conexas.”

Hummm… será que em “cibercultura” a comissão acolheu a interação? Pois ao incluir em destaque as “rotinas de produção e os processos de recepção” ainda estamos separando drasticamente emissor e receptor, uma discussão já vencida na comunicação digital, embora esta cisão ainda apareça fortemente nos meios de massa.

Ponto 5:
O Mestrado Profissional deve ser avaliado como caminho para atender simultaneamente a dois tipos de demanda: a) capacitar diplomados em outras áreas do conhecimento para a realização de trabalhos estratégicos, como os de consultoria, planejamento e avaliação de produtos jornalísticos, além da expressão opinativa e/ou interpretativa sobre temas peculiares a suas formações de origem, como colaboradores especializados;

Este item amplia a preocupação dos cursos de jornalismo em despertar o potencial empreendedor dos profissionais. Mais do que descobrir aberturas no mercado de trabalho, o planejamento e avaliação de produtos jornalísticos belisca onde as empresas mais precisam – visão estratégica de mercado, ou visão de publisher. Mas já que este ponto ficou só para o Mestrado Profissional, então let´s investir na ideia!